em 1822 schubert, então com 25 anos, iniciou a composição de uma sinfonia que nunca viria a terminar, sua sinfonia número 8, em si menor. seis anos depois ele morreria, vítima de uma febre tifóide ocasionada por uma antiga sífilis. no leito de morte ele queria ouvir música e os seus amigos executaram para ele o quarteto em dó sustenido menor de beethoven. foi a última música que schubert ouviu.
a lápide de schubert está ao lado da de mozart e beethoven, prova de sua grandeza e importância para a música. contudo, ele nem sempre é reconhecido como tal. isso talvez porque escreveu muitos lieder, ou canções, a partir de poemas, principalmente de goethe. o lied é tido como um gênero menor e schubert realmente nunca criou coisas majestosas.
mas se não foi um compositor de obras grandiosas como as de mozart, é inegável que ele criou músicas incrivelmente belas. podemos perceber isso na audição da sinfonia inacabada. ela se inicia com um allegro moderato, em que os graves entoam uma melodia sombria. por cima desta surge uma outra mais simples e fantasiosa que eleva o ouvinte a um estado de calmaria, mas logo depois o tom soturno retorna. a melodia encanta pela graça e leveza, sem deixar de ser tensa, com acordes fortes e momentos de quase fúria. o trabalho das cordas é magnífico e é praticamente impossível fazer qualquer coisa quando esta música toca. é necessário ouvi-la.
no fim do primeiro movimento os metais iniciam uma melodia grandiosa que gera um grande tom dramático através da força das cordas. então o tema inicial retorna e agora ele ficará constantemente na mente do ouvinte. a melodia se espalha por todo o resto do allegro se desmembrando a cada compasso. o tom de calmaria retorna, mas os grandes acordes mais uma vez surgem e os metais e as cordas reiniciam sua batalha, até que o movimento estranhamente acaba sem prenunciar o que virá.
o segundo movimento é delicado. as cordas continuam ditando o ar fantasioso em que o ouvinte se encontra, mas a tragicidade retorna de forma intensa. os violinos são leves e agressivos criando um contraste que tanto agrada quanto assusta. a melodia é insistentemente leve. contudo, os acordes fortes retornam anunciando algo que não saberemos. termina o segundo movimento e um sentimento de estranheza recai sobre o ouvinte.
schubert compôs apenas dois movimentos para esta sinfonia, o allegro moderato e o andante com moto. por isso trata-se de uma sinfonia inacabada. contudo, não foi a morte que o impediu de continuá-la e nem um desejo de inovar o gênero das sinfonias, que normalmente tinham quatro movimentos. prova disso, é que ele chegou a esboçar um terceiro movimento. mas o que o impediu? será que schubert não considerava que a obra valia o esforço? ou simplesmente não se sentiu impelido a completar aquilo que iniciou?
fato é que a sinfonia reflete um pouco da vida de schubert. vida simples e breve, sem muitos prazeres e de grande produção e amor pela música. seu pai queria que ele fosse professor, mas ele quis ser músico, mesmo não conseguindo viver bem com o que ganhava com sua arte. teve uma vida de privações, mas nada o impediu de usufruir de sua paixão. conta-se, por exemplo, que para assistir à ópera fidélio de beethoven, schubert teve que vender todos os seus livros. e a paixão por beethoven o acompanhou até a morte. como a paixão por schubert acompanhará a todos que ouvirem sua obra.
marcos ramon
a lápide de schubert está ao lado da de mozart e beethoven, prova de sua grandeza e importância para a música. contudo, ele nem sempre é reconhecido como tal. isso talvez porque escreveu muitos lieder, ou canções, a partir de poemas, principalmente de goethe. o lied é tido como um gênero menor e schubert realmente nunca criou coisas majestosas.
mas se não foi um compositor de obras grandiosas como as de mozart, é inegável que ele criou músicas incrivelmente belas. podemos perceber isso na audição da sinfonia inacabada. ela se inicia com um allegro moderato, em que os graves entoam uma melodia sombria. por cima desta surge uma outra mais simples e fantasiosa que eleva o ouvinte a um estado de calmaria, mas logo depois o tom soturno retorna. a melodia encanta pela graça e leveza, sem deixar de ser tensa, com acordes fortes e momentos de quase fúria. o trabalho das cordas é magnífico e é praticamente impossível fazer qualquer coisa quando esta música toca. é necessário ouvi-la.
no fim do primeiro movimento os metais iniciam uma melodia grandiosa que gera um grande tom dramático através da força das cordas. então o tema inicial retorna e agora ele ficará constantemente na mente do ouvinte. a melodia se espalha por todo o resto do allegro se desmembrando a cada compasso. o tom de calmaria retorna, mas os grandes acordes mais uma vez surgem e os metais e as cordas reiniciam sua batalha, até que o movimento estranhamente acaba sem prenunciar o que virá.
o segundo movimento é delicado. as cordas continuam ditando o ar fantasioso em que o ouvinte se encontra, mas a tragicidade retorna de forma intensa. os violinos são leves e agressivos criando um contraste que tanto agrada quanto assusta. a melodia é insistentemente leve. contudo, os acordes fortes retornam anunciando algo que não saberemos. termina o segundo movimento e um sentimento de estranheza recai sobre o ouvinte.
schubert compôs apenas dois movimentos para esta sinfonia, o allegro moderato e o andante com moto. por isso trata-se de uma sinfonia inacabada. contudo, não foi a morte que o impediu de continuá-la e nem um desejo de inovar o gênero das sinfonias, que normalmente tinham quatro movimentos. prova disso, é que ele chegou a esboçar um terceiro movimento. mas o que o impediu? será que schubert não considerava que a obra valia o esforço? ou simplesmente não se sentiu impelido a completar aquilo que iniciou?
fato é que a sinfonia reflete um pouco da vida de schubert. vida simples e breve, sem muitos prazeres e de grande produção e amor pela música. seu pai queria que ele fosse professor, mas ele quis ser músico, mesmo não conseguindo viver bem com o que ganhava com sua arte. teve uma vida de privações, mas nada o impediu de usufruir de sua paixão. conta-se, por exemplo, que para assistir à ópera fidélio de beethoven, schubert teve que vender todos os seus livros. e a paixão por beethoven o acompanhou até a morte. como a paixão por schubert acompanhará a todos que ouvirem sua obra.
marcos ramon
Comentários
ainda prefiro Chopin! se é que dá pra fazer alguma comparação entre um e outro.
mas ler o texto me deu vontade de ouvir de novo, mas nunca mais em dvd.
te amo! ;)
"vida simples e breve, sem muitos prazeres e de grande produção e amor pela música. seu pai queria que ele fosse professor, mas ele quis ser músico, mesmo não conseguindo viver bem com o que ganhava com sua arte. teve uma vida de privações, mas nada o impediu de usufruir de sua paixão."
Gostaria que fizesse uma visita em wwww.umavozdebetim.blogspot.com e no Link TEXTO DOS AMIGOS, desse uma lida na Sinfonia Inacabada na visão de um médico neurologista.
Um abraço, paz e bme
GERALDO RIBEIO
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